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Oi, gente! Eu sou a Aninha! Potterhead, v-lover, tinista e semideusa filha de Poseidon. Adoro música e leitura!

sábado, 12 de julho de 2014

Viajar...

E então, lhe bate aquela estranha vontade. Aquele desejo que te chama, mas você sabe que só pode satisfazê-lo outra hora, outro dia, outra semana, outro mês, outro ano.
Em mim, bateu a vontade de viajar.
Conhecer novos lugares e explorar esse tão belo mundo.
Tá certo que estar em casa é muito bom, mas para quê viver num planeta com muitos países e continentes, se você não os conhece?
Mas a viagem começa na preparação.
É receber a notícia, se preparar na semana anterior, arrumar a mala...
Despedir-se de casa.
Ir para o aeroporto, fazer check-in, despachar a bagagem.
Lembrar de não despachar a bagagem de mão, com aquele livro que estou lendo, meu bloco de notas para desenhar, meu diário e meu Mp3 (e é claro, a boneca de pano da minha irmã).
É passar naquele mesmo café que eu, minha irmã e minha mãe sempre passamos no aeroporto. Pedir pão de queijo e café, porque minha mãe não iria querer comer nada, mesmo.
Passar na farmácia e comprar remédio de enjoo e vitamina c.
Fazer o típico "xixi preventivo", naquele banheiro novo do aeroporto, mas já não tão novo para mim.
Esperar um tempo na frente de lojas de roupas para turistas, ouvindo minha mãe comentar:
- Que bermuda bonita, seu pai tinha que vir aqui!
E minha irmã, sem nada para fazer:
- Estou com fome.
E tinha seus pensamentos frustrados por mim:
- Você acabou de comer pão de queijo!
- Então me dá minha boneca.
E ficava inventado mil e uma brincadeiras com a amiga de pano.
Então eu finalmente convenço minha mãe de irmos tomar chá de espera naquela sala. É passar por aquele detector de metais, sempre com medo, não sabe-se de quê. "Será que vai apitar o imã do meu diário? O detalhe do meu tênis? O botão do casaco?"
Mas nunca apitava.
E íamos para a salinha de espera.
Minha mãe dormia (ou, segundo ela, meditava de olhos fechados). Minha irmã brincava de boneca. Eu, mergulho na leitura e conheço dimensões e mundos que você nem imagina.
E sempre esperar para que aconteça o raro fenômeno: eu, enjoar de ler. Sem nada para fazer a respeito, desenho um pouco e economizo a bateria de meu Mp3, ouvindo somente três músicas.
Quando o rádio finalmente avisar o embarque, eu estarei pronta para ir, por mais que minha mãe prefira ser a última da fila, e eu concorde com ela, só não aguentaria mais ficar ali sentada.
Ao andar daquela fila métrica, olhar todos os pertences da bagagem de mão. Diário? Ok. Mp3? Aqui. Bloco de notas? Confere.
E como sempre, entrar em desespero:
- Gabriela, sua boneca!
E, toda vez, ela está debaixo do braço da minha irmã.
Viajar requer ter paciência para esperar a fila andar. É poder ouvir o batimento de seu coração ao se aproximar da entrada do avião. É esperar de mau grado a sua mãe dar aqueles documentos, pois só estavam atrasando tudo. Depois, correr túnel adentro até a entrada do avião. Aquela aeromoça de vermelho dizer "boa viagem". Correr a procurar aquele número no cartão de embarque e já ter definido com sua irmã quem iria na janela durante qual trecho.
Outra parte da viagem que requer paciência é quando as portas estão abertas esperando passageiros, e quando eles finalmente fecham, mas o avião ainda espera aquele senhor que dormiu no banco da sala de espera.
Escolher com entusiasmo o sabor da balinha, e ouvir o discurso de sua mãe:
- É para comer só na hora da decolagem, quando o avião começar a correr.
E esperar essa hora, com a mão fechada em torno do doce e água na boca. Quando o trem de pouso da aeronave começa a correr, abrir o plástico da bala apressada, para mastigar na hora certa.
E quando a sua barriga começa a esfriar, seus ouvidos a abafar, nem tudo está perdido, pois as nuvens começam a ser o cenário do passeio.
Limpar as mãos melecadas de açúcar no casaco e relaxar. Ouço mais três músicas, para economizar bateria, embora nunca precise disso.
Nunca se vê necessidade para usar aquilo que trouxe comigo na bagagem de mão. Olhar o céu, procurar o Olimpo, já é passatempo suficiente.
E quando ouve-se, baixinho, a aeromoça dizer que tem suco de laranja, Coca-Cola e água junto com um snack de cortesia para o serviço de bordo, abaixam-se as mesinhas em uníssono. Menos a da minha mãe, que cochilava. Quando a aeromoça chega, ela acorda e nos passa embalagens vermelhas, a Coca-Cola de minha irmã e meu suco de laranja. Ela nunca come nada. Guarda seu snack na bolsa para o aeroporto seguinte.
Nunca estamos com fome de verdade, aqueles snacks nem alimentam, são apenas um passatempo embrulhado.
Depois de comer, aquele ritual de mastigar o gelo que resta no copo até a aeromoça recolher as embalagens do bolinho, do queijo e da torrada.
Fico triste, pois isso indica que falta pouco para o piloto avisar a aterrisagem.
O outro trecho é a mesma coisa. Só mudam as experiências do "viajar" quando finalmente chegamos ao destino.
E eu não vou mentir, normalmente é Florianópolis.
Sair do avião triste e feliz. Triste pois acabou a viagem. Contente pois cheguei num lugar novo! Quer dizer, nem tão novo assim pra mim.
Esperar no lugar a nossa mala chegar, ser a última da fila. Conferir rasgos... Nenhum. Nos esperavam lá, sempre, vovô e vovó Zena e Raul.
Dar um abraço apertado e sempre ouvir:
- Nossa, como estão grandes! Aninha, você está uma mocinha!
Entrar num carro diferente, normalmente o Branco das Neves, como chamo o carro branco de meu avô.
Conversar durante a viagem até o apartamento no João Paulo, escorregando a calça de malha no banco de couro.
Ao chegar, me acomodar no meu quarto, que fica lá o ano todo esperando por mim.
Descansar. A viagem é longa, meus cabelos estão bagunçados, eu estou acabada.
Só alguém tinha energia: minha mãe que dormira durante toda a viagem e tem energia para desfazer malas e tudo mais.


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